Prova de Arrancada em 1977

Por Pedro Eduardo Szépkúthy

Era lá pelo meio do ano, corriam duas categorias no final de semana, Divisão 3 e Formula VW Vê e Super Vê.

Meu amigo Arturo Fernandes lutava pelo campeonatoda D.3 e nós, a "turma" do Rodge Ramos (São Bernardo do Campo) comperecíamos em peso e assíduos na torcida por nosso amigo e ídolo.

Eis que corre a notícia de que naquele dia haveria uma prova de arrancada, aberta a qualquerpiloto, depista ou de "rua". Lá fui eu. correndo me apresentar ao Sr. Bastos, um dos responssávei pela organização da corrida. Fiz minha inscrição e peguei meu Puma 1969 motor 1.7 roletado e fui para a pista. Eu nem sabia o que era essa tal de prova de arrancada, aliás, poucos sabiam.

Foto: Carros da "Turma" do Rodge Ramos em São Bernardo do Campo

Era a segunda vez que se organizava essa prova. Tudo era precário, os carros se apresentavam na entrada do Box em fila indiana e liderados pelo pace car, percorriam a pista pelo anel externo (hoje extinto), e eram alinhados dois a dois a 300 metros da linha de largada. Um comissário de pista dava a bandeirada e a dupla largava para ver quem chegava primeiro ao final do percurso. Quem perdia estacionava o carro na curva 1, quem ganhava dava a volta pelo anel externo e se alinhava novamente para correr, e assim ia, sucessivamente até sair um campeão.

Pois é, lá estava eu e meu carro supostamente imbatível nas ruas. Nesse dia, haveriam duas baterias de arrancada! E lá fui eu, logo de cara cai com um opalão 6 cilindros, envenenadíssimo. Quase perdi, fui "capengando" até terminar essa primeira bateria, que não valia nada como classificação.

Veio o intervalo, ou melhor, a segunda bateria da D.3, que o Arturo venceu, e nos aprontamos para ver o que acontecia com meu carro. Descobrimos que as velas não estavam boas, com a ajuda de meu (finado) amigo Mingo, conseguimos trocar três delas, uma não saia de jeito nenhum. Se forçácemos, arrancaria a rosca do cabeçote. Resolvemos deixar como estava.

Foto: Dois Pumas alinhando para arrancar, 3ª prova de arrancada de Interlagos (09/1977)

A 2ª Bateria de arrancada começa e eu estava lá firme com meu Puma com 3 velas novas e 1 vela velha. O carro vinha bem até 6500 RPM, daí para frente ele "amarrava"(o motor virava 7700/7800 RPM).

Fui Virando e "levando" os adversários, até que sobramos 3, um Maverick V8 com 2 quadrijets, comando especial, cabeçote trabalhado, diferencial blocado, rodas de tala 12" na traseira... Dava Medo. O outro finalista era uma Brasilia, muito bem montada e muito rápida. Dentre os dois sairia o meu adversário para a corrida final. Quando o comisario de pista mandou que os dois alinhassem, o piloto da Brasilia desistiu de encarar o Maverick e, sobrou a vaga pra mim.

Alinhamos com todo o cuidado. Nós dois sabíamos do potencial de cada um. Quando a bandeira desceu, os dois carros sairam enrrugando o asfalto e rugindo como duas feras selvagens. O público ficou de pé, eu mal conseguia ouvir o meu motor pois o V8 do Maverick fazia um ronco ensudercedor. Não sei dizer se foi a falta da 4ª vela nova, mas é fato que o V8 colocou um para-lamas a frente do puma e assim corremos "grudados" até o final. Foi um delírio, o público quase pôs a arquibancada abaixo.

Ficamos em segundo Lugar. Em 2º na 2ª prova de arrancada em interlagos. Meio frustado, meio contente, recebi os cumprimentos do meu pessoal do Rudge e fui para casa. Foi um marco na minha vida. Dai pra frente deixei de ser um "empolgado" no volante e passei a me dedicar ao automobilismo tanto como piloto como preparador.

Foto: Puma GT 1969 de Pedro Eduardo Szépkúthy